Leopoldina

Leopoldina (a segunda da direita para a esquerda) e sua família em Viena, por Joseph Kreutzinger (1805)

Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena nasceu em janeiro de 1797 em Viena, filha do imperador Francisco I da Áustria. Educada em uma das cortes mais tradicionais da Europa, Leopoldina conviveu com pessoas como Goethe e Mozart. Ao mesmo tempo, viveu em um período de grandes transformações no mundo, como a Revolução Francesa, a independência dos Estados Unidos e a ascensão e queda de Napoleão. Sua família, os Habsburgo, se perpetuou no poder durante sete séculos graças a casamentos com outras dinastias europeias – por exemplo, Leopoldina era sobrinha-neta de Maria Antonieta da França e sua irmã, Luísa, foi dada em casamento a Napoleão.

Com Leopoldina não foi diferente: ao se casar com o filho do rei de Portugal, os domínios austríacos se estendiam para o Novo Mundo, já que a família real portuguesa estava morando no Brasil para fugir das tropas de Napoleão.

“Desembarque da Princesa Leopoldina”, gravura de Jean-Baptiste Debret (Museu Imperial)

Assim, aos 19 anos, Leopoldina foi dada em casamento a Dom Pedro e veio para o Brasil, onde desembarcou em novembro de 1817 para uma estada temporária. Com a independência do Brasil, em 1822, o Rio de Janeiro tornou-se sua residência definitiva.

A participação de Leopoldina no processo de independência foi decisiva. Antes mesmo de Dom Pedro, ela compreendeu a necessidade de se cortarem os laços com Portugal e abriu mão do desejo de voltar para a Europa.

Leopoldina retratada na “Sessão do Conselho de Estado”, pintura de Georgina de Albuquerque (1922, Museu Histórico Nacional)

A própria declaração da independência, a despeito de a data comemorativa ser 7 de setembro, foi realizada por Leopoldina cinco dias antes, em 2 de setembro de 1822, quando, no posto de regente interina devido à viagem de Dom Pedro a São Paulo, reuniu o Conselho de Estado. Depois disso, ela também atuou fortemente pelo reconhecimento do Brasil independente por outras nações do mundo.

Leopoldina engravidou nove vezes e deu à luz sete filhos nos nove anos em que viveu no Brasil, porém não se limitou à vida doméstica. Juntamente com José Bonifácio, ela tinha um projeto para o Brasil, que incluía o fim da escravidão, a distribuição de terras, educação e até questões ambientais. Sua morte prematura, após grandes dissabores pelos escândalos da relação entre Dom Pedro e Domitila, representou também a derrocada desse plano para um país que talvez até hoje não tenha um projeto claro, seguindo vítima de interesses escusos.

Faleceu em dezembro de 1826, amada pelo povo que a acolhera e por ela acolhido. A história oficial a lançou no esquecimento. A intenção desta obra é contribuir para seu resgate.

Curiosidades:

  • A primeira bandeira do Brasil independente foi idealizada por Leopoldina: o verde representa as cores da família Bragança e o amarelo, os Habsburgo.

  • Dois filhos de Dom Pedro I e Dona Leopoldina foram soberanos: Dona Maria II, rainha de Portugal, e Dom Pedro II, imperador do Brasil.

  • Leopoldina talvez seja mais lembrada como nome de estrada de ferro, de estação de trem e de escola de samba. Ela também é o nome de uma cidade de Minas Gerais, de uma marca de cerveja e de inúmeras ruas em cidades brasileiras.

  • Recentemente ela foi personagem de uma novela na Rede Globo, o que contribuiu para difundir sua história e, ao mesmo tempo, causou polêmica entre historiadores pela forma como foi retratada.